O mês de setembro é marcado pelas comemorações do Dia Mundial do Coração, data instituída pela World Heart Federation desde 2000 e lembra população sobre manter os cuidados com a saúde cardíaca. Símbolo universal do amor e das emoções, não é à toa que o coração é um dos órgãos mais vitais do organismo. Sua função é bombear cerca de cinco mil litros de sangue oxigenado por minuto e retornar aos pulmões o sangue desoxigenado. É por meio desse processo que o nosso corpo mantém seu equilíbrio e funcionamento em dia.
Embora seja um órgão vital, o coração está em perigo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente as doenças cardiovasculares, como infarto e derrame, são as primeiras causas de mortes no mundo e matam cerca de 300 mil pessoas todos os anos, só no Brasil. As principais causas para essa estatística estão nos maus hábitos de vida cultivados pela população como tabagismo, consumo excessivo de sal e sódio, abuso de bebidas alcoólicas, além da exposição a fatores de ricos, como diabetes, colesterol alto e obesidade.
Esse último é um dos fatores mais preocupantes, já que a obesidade e o excesso de peso vêm crescendo exponencialmente entre a população. Ambos os problemas estão associados à síndrome metabólica – estado que engloba várias alterações fisiológicas desfavoráveis como a hiperglicemia, hipertensão e dislipidemia – que aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no mês passado, mais da metade da população brasileira está com excesso de peso. Na avaliação, o sobrepeso atinge cerca de 56,9% dos brasileiros acima dos 18 anos e a obesidade alcança o total de 20,08%. Em 2006 esses dados correspondiam a 43% e 11,6%, respectivamente. O estudo também apontou que 37,7% dos brasileiros apresentam cintura aumentada (gordura visceral). O problema prevalece entre as mulheres, com taxas de 52,1% e 21,8% entre os homens.
Além disso, a pressão alta, outra complicação relacionada ao sobrepeso, atinge 22,3% da população de acordo com a pesquisa. “Atualmente as pessoas têm conhecimento dos riscos que a obesidade traz ao coração. No entanto, elas desconhecem que estes fatores de risco são silenciosos, ou seja, progridem sem dar aviso. O pensamento da população em geral é: para que tratar algo que não sinto? Se não tenho “dor no coração” não estou doente, apesar do sobrepeso. Este pensamento é o grande erro, porque as cardiopatias são progressivas e o evento pode ser súbito, ou seja, o infarto pode ser o primeiro e último sintoma da doença”, alerta a nutricionista Márcia Gowdak – Diretora Executiva do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP).
Mas, por que as pessoas estão engordando?
Existem inúmeras condições responsáveis pela obesidade e pelo excesso de peso. O fato, porém, é que hoje em dia a facilidade para conseguir alimentos, seja por meio da variedade disponível nos mercados ou pelas centenas de lojas de delivery espalhadas pelas cidades, é muito maior. Ao mesmo tempo, crescem as redes de fast food aliadas às diversas campanhas publicitárias que bombardeiam o dia a dia e incitam a comprar produtos gordurosos e calóricos, que ao serem consumidos, aumentam a sensação de bem-estar e saciedade.
“O sedentarismo também é um dos fatores que contribuem para o aumento de peso. Segundo um levantamento divulgado pelo Ministério do Esporte, 45,9% dos brasileiros não realizam nenhuma atividade física. As pessoas estão cada vez mais sedentárias e sem muito tempo para elaborar o que irão consumir na próxima refeição. O nosso velho “arroz e feijão”, que antes estava presente nas duas refeições diárias, é consumido apenas algumas vezes na semana. O consumo de açúcar e bebidas aumentou significativamente entre a população, quando comparamos com o consumo de leite. As crianças de vários estados brasileiros substituíram o leite pelos sucos e a situação é pior na adolescência”, afirma Márcia Gowdak.
Proteja seu coração
Cerca de 90% das doenças cardiovasculares podem ser evitadas a partir de hábitos saudáveis. Que tal começar algumas mudanças hoje mesmo?
- Pratique exercícios – cerca de 30 minutos diários de qualquer atividade são suficientes
- Melhore o seu prato: uma refeição colorida com verduras, legumes e hortaliças é o ideal
- Reduza o sal, o açúcar e as gorduras saturadas e trans
- Beba mais água – 2 litros por dia no mínimo
- Fique de olho na balança – mantenha o seu peso ideal e preste atenção às medidas da circunferência abdominal. Para mulheres 80 cm e para homens 94 cm
- Pressão arterial – Sempre faça testes para saber como está a sua pressão. O normal é que ela esteja por volta de 12 por 8
- Adeus ao cigarro – Livre-se desse mal. Se for necessário, existem tratamentos e grupos de apoio oferecidos inclusive pelo SUS que podem te ajudar
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